Monday, September 04, 2006

LAMENTO PELO BRASIL
Por Israel Belo de Azevêdo*

Como Jesus chorou por Jerusalém, eu choro pelo Brasil.Eu choro pelo Brasil porque amo o Brasil.Eu choro pelo Brasil porque o Brasil em que vivo merece o meu choro.
Choro de indignação contra aqueles que deveriam fazer tudo o que podem, mas só fazem para si mesmo. Esta é a nossa maior vergonha.
(Penso nesses quando recordo o Projeto de Constituição atribuído ao historiador Capistrano de Abreu (1853-1927):Art. 1º - Todo brasileiro deve ter vergonha na cara. Parágrafo único: Revogam-se as disposições em contrário.")
Choro de indignação contra aqueles que levantam bandeiras, mas seus mastros estão furados, embora envernizados; são bandeiras, mas bandeiras sem mãos limpas que as levantem. Esta é a nossa maior decepção. (Ouço de novo o discurso de Jesus, quando chamou a algumas pessoas de "sepulcros caiados", bonitos por fora, mas por dentro estão cheios de ossos e de todo tipo de imundície. Por fora parecem justos ao povo, mas por dentro estão cheios de hipocrisia e maldade" -- Mateus 23.27-28).
Choro de indignação contra aqueles que não investem em educação (deixando ir as crianças, em lugar de as fazerem vir, como manda Jesus Cristo) o que determina a Constituição em vigor e que ainda não conseguiram mudar. Este é a nossa maior estupidez.
Choro de indignação contra aqueles que não vêem os corpos brasileiros estendidos nos corredores das emergências dos hospitais públicos, num cenário típico do livro bíblico das Lamentações. Este é o nosso maior crime.
Choro de indignação contra aqueles que cortam aos jovens o direito de sonhar por lhes faltarem oportunidades para porem em prática o que aprenderam. Este é o nosso maior equívoco. (Ah se não fosse a promessa bíblica de que os jovens são fortes e podem vencer o mundo, como Jesus venceu!)
Choro pelo Brasil porque amo o Brasil como Jesus amava Jerusalém.Mas eu preciso me perguntar: amo mesmo o Brasil como Jesus amava Jerusalém?
De que estou pronto a abrir mão por amar o Brasil?

Quer conhecer mais os textos de Israel? Acesse www.israelbelo.blogspot.com

Wednesday, August 30, 2006

A Reforma, o Cristianismo e a Cultura *
Misael Nascimento


O cristianismo da Reforma estabeleceu um novo paradigma da relação da igreja, e por conseguinte, do cristão com o mundo. A visão medieval do universo era eclesiocêntrica — a igreja abarcava todas as coisas. O mundo era tido como inerentemente mau e tudo precisava ser cristianizado a fim de obter real valor. Por conseguinte, servir como sacerdote religioso ou dedicar-se à igreja como celibatário era tido como mais valioso do que abraçar outra profissão ou constituir família. Não apenas os poderes políticos mas ainda a ciência, as artes e qualquer outra manifestação cultural — tudo devia dobrar-se diante do potestas eclesiae, o poder da igreja.
Os reformadores não foram ingênuos em sua concepção do mundo: a queda afetou a harmonia cósmica, o mundo decaído “jaz no maligno” e o cristão deve empreender uma luta ferrenha contra o mundo, a carne e o diabo. Apesar disso, o mundo é criação de Deus que o sustenta e preserva através de um favor imerecido dispensado a todas as criaturas, inclusive pessoas não regeneradas (graça comum). O mundo não precisa estar debaixo da jurisdição da igreja para encontrar seu sentido; como criação do Senhor, ele possui valor em si mesmo. A retirada de algumas formas de arte da liturgia de culto, por exemplo, não representava a negação da arte em si mesma, mas a liberação desta para encontrar seu lugar em sua legítima esfera, sem necessidade de cristianização. Tudo o que existe , ou seja, a totalidade da cultura, deve ser analisado a partir das Escrituras, mas isso não significa que a cultura deva ser colocada debaixo do cabresto da igreja.
Qual o resultado desta visão reformada? A sexualidade e, por conseguinte, a família, deixaram de ser consideradas males necessários e passaram a ser vistas como bênçãos. Quanto à vocação, o homem percebeu que poderia glorificar a Deus não apenas como sacerdote, mas como sapateiro, professor, policial ou qualquer outra profissão exercida com diligência e honestidade. Nas artes, ocorreu um movimento duplo. Os artistas puderam produzir trabalhos sob novo enfoque. Na pintura, por exemplo, não era mais necessário que todos os quadros retratassem a sagrada família, a via sacra ou temas bíblicos. Passou-se a pintar o ser humano, cenas do cotidiano familiar e a criação. Os cristãos, por sua vez, puderam, com comedimento e sem abrir mão do testemunho e santidade bíblica, ter contato com as artes fora do ambiente eclesiástico. A ciência não precisou mais prestar contas à igreja. O homem inteligente, capacitado pela graça comum, foi liberado para explorar o universo criado por Deus. Enfim, o cristão reformado, firmemente orientado pela Bíblia, era não um homem “religioso”, mas um homem inteiro, vinculado a Deus, movido por fé e conectado à cultura.
Na atualidade, uma parcela do evangelicalismo retorna à mentalidade medieval. Tudo o que não é produzido por evangélicos é pecaminoso; a arte, para ser valorizada, deve ser inserida no culto, após receber uma roupagem cristã. A sexualidade é colorida em tons sombrios e não se consegue realizar uma leitura adequada da ciência como espaço de exploração do mundo criado por Deus.
Temos algo a aprender com a Reforma. Nossos pais reformadores forneceram-nos uma estimulante proposta de integração entre o cristianismo e a cultura.
* Fonte http://www.ejesus.com.br/

This page is powered by Blogger. Isn't yours?